
No dia 29 de março de 2008, Isabella despencou do sexto andar do prédio onde o pai morava, três semanas antes de completar seis anos.
Começou nesta segunda, em São Paulo, o julgamento de um caso que comoveu os brasileiros há quase dois anos: a morte da menina Isabella Nardoni, de cinco anos.
Os jurados foram sorteados: quatro mulheres e três homens vão decidir se o pai da criança, Alexandre Nardoni, e a madrasta, Anna Jatobá, são responsáveis pelo que aconteceu na noite do dia 29 de março de 2008.
Isabella Nardoni ainda sorria com dentes de leite e mal desenhava o nome. Vivia com a mãe, passava fins de semana com o pai, a madrasta e dois meios-irmãos.
Dois anos atrás, essa rotina foi cortada tragicamente. Três semanas antes de Isabella completar seis anos, a garota despencou do sexto andar do prédio onde o pai morava com a nova família.
A criança foi socorrida, mas não resistiu. Para a acusação, pai e madrasta são os culpados. A promotoria acusa Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá de agredir a menina e jogá-la pela janela.
"Existem sim elementos bastante claros, bastante contundentes, que abalam as versões trazidas pelo casal", afirmou o promotor de Justiça Francisco Cembranelli em 11/04/2008.
A Justiça já liberou o apartamento 62 do edifício London para a família Nardoni, que só aparece em média duas vezes por mês, a cada 15 dias para limpar e arejar o imóvel. Numa demonstração de a família parece acreditar que um dia Alexandre e Anna Carolina voltarão a viver neste endereço.
Nos últimos dois anos, pai e madrasta passaram menos de um mês fora da cadeia. E sempre alegaram inocência. “Isso não existe. Nunca encostei um dedo nela. Eu sou mãe!”, disse Anna Jatobá.
Segundo o casal, na noite da morte de Isabella, quando a família chegou ao edifício London, as três crianças dormiam no banco de trás do carro.
Alexandre estacionou no subsolo e subiu ao apartamento, carregando Isabella no colo. Lá, deixou a menina no quarto dela e trancou a porta da frente.
Na versão do casal, Alexandre desceu à garagem para ajudar a mulher com os outros dois filhos. Ao voltar ao sexto andar, a dupla diz ter encontrado a rede da janela do quarto dos meninos cortada.
Isabella estava caída lá embaixo, no jardim do edifício. O casal afirma que alguém entrou no apartamento na sua ausência e jogou a menina.
- Vocês afirmam e reafirmam que uma terceira pessoa entrou e matou a isabella?
- Isso. com certeza.
- Por que alguém agiria com tanta brutalidade?
- Isso que a gente se pergunta todos as noites, todos os dias.
- A gente fica analisando, para para pensar como alguém poderia fazer isso com uma criança.
Desde o início, o pai de Alexandre, Antonio Nardoni, foi o maior aliado do casal. Advogado, ele sempre negou que o filho e a nora tivessem culpa na morte da neta.
“Como todo pai, a primeira coisa que se espera é que seja realmente provada a inocência do meu filho e da minha nora. Eu tenho absoluta certeza de que não foram eles”.
A mãe de Isabella, Ana Carolina de Oliveira, jamais aceitou a versão contada pelos Nardoni. “Eu acho que a justiça está começando a ser feita. É muito difícil saber que uma pessoa tem a capacidade de chegar nesse nível”.
A acusação insiste na culpa de Alexandre e Anna Carolina Jatobá. Uma animação, feita pela polícia científica, será usada no julgamento pelo promotor.
O vídeo mostra Anna Carolina, a madrasta, agredindo Isabella ainda dentro no carro, fato que seria revelado por sinais de sangue encontrados pelos peritos.
Na cena seguinte, Alexandre entra no apartamento com a filha no colo e atira a menina no chão da sala. Nesse lugar, foram encontrados sinais de que a agressão continuou. Ali Anna Jatobá teria asfixiado Isabella.
Em seguida, Alexandre pega uma faca e uma tesoura para cortar a tela de proteção. Apanha a filha desacordada, sobe na cama para se aproximar da janela e joga a menina no vazio.
Agora, cabe ao júri decidir e tentar fazer justiça num caso que, até hoje, confunde e comove.


